quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Ilha dos Amores - ler é um prazer!

A ilha descrita no Canto IX de Os Lusíadas evoca um espaço belo, fresco, revigorante. A descrição da paisagem, as árvores, as plantas, os animais transporta-nos para o sonho alcançado.A procura dos mundos por descobrir, os esforços, as tormentas, a dor, a ousadia, a fadiga, encontram nesta ilha uma beleza, uma harmonia só reservada a gente corajosa e destemida.


(...)
que as Ninfas do Oceano, tão fermosas,
Tethys e a Ilha angélica pintada,
Outra cousa não é que as deleitosas
Honras que a vida fazem sublimada
(...)
Quando desembarcaram, os marinheiros portugueses encontraram a ilha repleta de "belas deusas" que começaram a fazer com eles, jogos de sedução.
Sugiro-vos a leitura da estrofe 83 e vejam lá se não se apercebem de uma nota de malícia ...
Em Camões, a recompensa passa pelo satisfazer do desejo físico, pelo prazer carnal.
Será?Quem partilha o meu ponto de vista?


Os Lusíadas - Consílio dos Deuses


 Gostei de ter lido e partilho com todos a minha interpretação.
Neste episódio, Camões destaca o valor dos portugueses, relatando-nos um episódio mitológico, no qual os deuses do Olimpo, deuses da mitologia romana, se reúnem em um "consílio glorioso" para decidir sobre o destino dos portugueses no Oriente, “as cousas futuras do Oriente”. Não estava em causa a chegada dos portugueses ao Oriente, porque essa já tinha sido determinada pelo destino, estava em causa era decidir se os deuses ajudariam ou não os portugueses a chegar de um modo seguro e rápido à Índia.
Júpiter, o pai dos deuses, serve-se de Mercúrio, o deus mensageiro, para ajudar a convocar todos os deuses. Os deuses sentam-se segundo a hierarquia que dá mais importância aos deuses mais antigos.

Quando todos os deuses estão sentados nos seus lugares, "luzentes assentos", Júpiter inicia o seu discurso, onde relembra a todos os deuses que os portugueses eram um povo guerreiro e corajoso que já tinham conquistado o país aos mouros e vencido por diversas vezes os temidos castelhanos. Júpiter, referiu também antigas vitórias de Viriato, chefe lusitano, frente aos romanos e, termina o seu discurso, chamando a atenção dos deuses para os presentes feitos da lusitana gente que, corajosamente, lutando contra tantas adversidades, empreendiam importantes viagens pelo mundo e que, por isso, mereceriam ser ajudados na passagem pela costa africana.

No entanto, Baco, deus do vinho, temendo que o seu nome pudesse ser esquecido no Oriente, discordou dessa posição, Vénus, deusa da beleza e do amor, intervém em defesa dos portugueses, salientando as suas semelhanças com os Romanos, no valor guerreiro e na língua. Todos os deuses se lançam numa feroz discussão que o poeta comparou a uma temível tempestade, Marte, deus da guerra, sensível ao mérito dos portugueses, denunciando a inveja de Baco e apelou a Júpiter para que mantivesse a decisão de apoiar os portugueses, relembrou-lhe também que era ele que cabia a decisão.
Júpiter inclinou a cabeça em sinal de consentimento, e desfez a reunião, tendo sido então tomada a decisão de ajudar os portugueses na sua viagem para a Índia.
Imaginemos o nosso Parlamento e os nossos representantes neste tipo de discussão com comportamentos tão semelhantes! Faz-nos refletir sobre a nossa condição de humanos. Que relação entre o Plano real e o Plano mitológico?





Helder Monteiro

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A intemporalidade do TEMPO

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

                      Luís de Camões
No mundo sempre em mudança, nada mais atual e com tanta pertinência ... (séc XVI). Só mesmo o genial poeta português, Luís de Camões, objeto do nosso estudo e sistemáticas pesquisas.
Leiam de forma crítica e verão que vão descobrir sentidos que até aqui nem tinham notado.
Nós, 12ºN, recomendamos a leitura, neste início de 2011, ano de tanta mudança!!!